A comitiva da CNA cumpriu agenda na China com uma visita à Seesaw Coffee, empresa pioneira de cafés especiais que fica em Xangai. A Confederação integrou a missão que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) fez pelo continente asiático. Na China, o foco foi o mercado de proteínas e lácteos.
“Estamos com grande expectativa porque o mercado chinês é hoje o grande mercado para o agronegócio brasileiro. Vamos ter a dimensão desse mercado frente às mudanças que estão ocorrendo na China devido à peste suína africana”, afirmou o presidente do Sistema Farsul e diretor de Relações Internacionais da CNA, Gedeão Pereira.
Na avaliação do presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), deputado Alceu Moreira, a missão ajudou a reconstruir a imagem brasileira no continente, ao trabalhar o parlamento e o empresariado juntos, trazendo confiança aos asiáticos em relação aos produtores brasileiros. “Estamos construindo uma profunda relação que é necessária para o avanço do espaço comercial que precisamos ter na Ásia.”
As exportações do agronegócio brasileiro para China somaram US$ 35,59 bilhões em 2018.
No segundo dia da missão, aconteceu a visita ao pavilhão brasileiro na Sial, maior feira de produtos agroalimentares do país, e reunião com empresários que participam do evento. A Sial é a 4ª maior feira do mundo no setor agroalimentar. O evento acontece uma vez por ano em Xangai e o foco são carnes, lácteos, comidas congeladas e bebidas. A feira recebe aproximadamente 3,2 mil exibidores e 110 mil visitantes em cada edição e neste ano tem 26 empresas brasileiras de diversos setores expondo produtos como mel, açaí, biscoitos, massas e erva-mate.
“As empresas foram selecionadas de forma a potencializar os negócios das empresas brasileiras de acordo com os hábitos de consumo e do que está sendo mais demandado na China”, afirmou Gustavo Sperandio, da Apex-Brasil, responsável pelo pavilhão brasileiro na feira.
Na avaliação dos empresários que participam da Sial, os negócios são promissores. “O açaí ainda não é tão conhecido na China, mas na Ásia em geral já temos exportações expressivas para o Japão, Cingapura e Coreia. Esperamos que depois da participação na feira possamos ampliar ainda mais as nossas exportações para China”, disse Rafael Ferreira, da Petruz Açaí, empresa de Belém, no Pará.
“É muito importante que as empresas de açaí venham para a China. A China possui um mercado enorme e os consumidores chineses ainda não sabem muito sobre o produto”, destacou Angel Zhu Melfi, parceira chinesa da empresa Goola Açaí, do Amazonas.
No caso do suco de laranja, o diretor-executivo da Citrus BR, Ibiapaba Netto, acredita que as negociações entre governo brasileiro e chinês para redução das tarifas de exportação serão positivas para o produto brasileiro.
“As expectativas são grandes, a China é um parceiro importante do suco de laranja brasileiro. Já temos um comércio em torno de 100 milhões de dólares/ano e é possível ampliar essas exportações. O governo brasileiro está fazendo sua parte e esperamos que os chineses se sensibilizem para que a gente consiga abrir esse mercado.”
A comitiva também acompanhou a reunião da delegação brasileira ao Rabobank, onde a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, fez uma apresentação sobre as oportunidades e desafios para a proteína animal e as oleaginosas brasileiras na China.
Para Gedeão Pereira, a reunião foi instrutiva e mostra um cenário positivo para o Brasil nos mercados de grãos e carnes de frango e bovina. “Ficou claro que a China poderá levar até cinco anos para recuperar o que está perdendo com a peste suína africana e a grande beneficiada nesse curto espaço de tempo será a produção de frango e carne bovina. Em relação ao consumo de grãos, os chineses pretendem importar 11 milhões de toneladas em 2019. Esse panorama é muito importante para nós como Brasil produtor de soja e de carnes.”
A CNA defendeu a produção agropecuária brasileira durante reunião na Sinochem, empresa de agroquímicos e petróleo da China. “A CNA se manterá permanentemente atuando em parceria com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e o Ministério da Agricultura, que temos uma sintonia com a liderança da ministra Tereza Cristina, para fortalecer a presença dos produtos do agronegócio brasileiro no mercado mundial”, afirmou o vice-presidente da entidade, Muni Lourenço.
“Precisamos fortalecer a presença dos produtos do agronegócio brasileiro no mercado mundial”, afirmou Muni Lourenço.
Lourenço também falou sobre o trabalho da CNA como representante da classe rural brasileira e reforçou que a defesa dos agroquímicos é uma bandeira da entidade para garantir a produção de alimentos seguros e de qualidade no Brasil.
Na avaliação de Alexandre Schenkel, vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a reunião na Sinochem foi boa para mostrar que o setor produtivo brasileiro é unido e está alinhado com governo e o parlamento em benefício de uma produção sustentável e eficiente.
“Mostramos nosso relacionamento e a vantagem de estarmos unidos hoje no Brasil. Esse relacionamento é muito importante para demonstrar a preocupação com fornecimento de químicos para nossa produção e também a preocupação daqui pra lá em comprar nossos produtos. Por isso, a CNA, OCB, Abrapa, Aprosoja e várias entidades da pecuária estão juntas e unidas em prol desse assunto.”
A Sinochem é a maior empresa de químicos da China e produz em torno de 25% dos produtos agroquímicos do mundo. Faz parte de um grupo empresarial dono de marcas como Syngenta e Adama.
Os chineses foram receptivos e ficaram de analisar as propostas apresentadas pelo Brasil para abertura de mercado para proteínas, frutas, grãos e lácteos, afirmou a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, no último dia da missão asiática na China. “Foi muito bom, a gente sai daqui levando na bagagem o interesse dos chineses nos produtos brasileiros, não só nas proteínas animais, que hoje são uma grande oportunidade para o País,” disse.
Segundo Gedeão Pereira, “a ministra foi muito clara e nesse momento nos deixa bastante otimistas com o futuro porque a China precisa do Brasil para se levantar e o Brasil precisa da China para vender seus produtos.”
Na quinta-feira (16), a ministra Tereza Cristina se reuniu com o ministro Ni Yuefeng, da Administração Geral de Aduanas da China, onde ficaram estabelecidos prazos para análise dos formulários entregues pelo Brasil para habilitação das 78 plantas frigoríficas que pretendem exportar carne bovina, suína e de aves para os chineses.
“Temos muito mais gente no Brasil que pode se habilitar e querer participar desse mercado que hoje está aí tão ansioso, precisando de proteína para baixar o preço no país. Enfim, para suprir esse vácuo do mercado que vai ficar com o problema da peste suína africana”, ressaltou Tereza Cristina.
Além das proteínas, os chineses ficaram interessados no farelo de soja e planejam fazer uma visita de inspeção ao Brasil no segundo semestre. “Tudo foi colocado na mesa e vai ter prazo para acontecer. Eu saio daqui com bastante esperança de que essas decisões e os bons resultados virão agora ao longo desses dois ou três próximos meses”, disse a ministra.
Para o vice-presidente da CNA, Muni Lourenço, a Confederação cumpriu seu papel ao representar os produtores rurais brasileiros na missão e acompanhar de perto as negociações em nome do setor privado.
“Conseguimos avanços importantes juntos ao governo chinês para que tenhamos uma previsibilidade e uma segurança para o empreendedor brasileiro com vistas ao mercado chinês. A China é uma grande potência econômica mundial e o maior parceiro do agronegócio brasileiro.”
Assessoria de Comunicação CNA
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